quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

O centenário do Rei do Baião

Luiz Gonzaga do Nascimento, o "velho lua", como era carinhosamente chamado pelos amigos e admiradores, se estivesse vivo, completaria hoje 100 anos. Ele que foi um dos compositores mais importantes da música popular brasileira, nasceu no dia 13 de dezembro de 1912, no pequeno povoado de Araripe, no estado de Pernambuco, e morreu 2 de agosto de 1989, na capital pernambucana. Seu corpo foi velado em Juazeiro do Norte e enterrado em seu município natal.

Seu pai, um lavrador, que nas horas vagas tocava acordeão, o ensinou a tocar. Ainda menino acompanhava o pai, tocando junto com ele em bailes, forrós e feiras. Em 1939, após deixar o exército, passou a se dedicar à música. No início da carreira, tocava sanfona nas ruas do Rio de Janeiro, passando o chapéu aos transeuntes recolhendo dinheiro, após as apresentações. Se apresentou em bares da zona de meretrício do Mangue, e posteriormente em cabarés da Lapa.

Luiz Gonzaga, é autor de sucessos como Asa Branca, Baião de Dois e Qui Nem Jiló, apresentou a cultura brasileira para os quatro cantos do Brasil e do mundo, e tornou-se conhecido como o Rei do Baião.
O baião é a fiel expressão da música nordestina do sertão e suas músicas colocaram o Nordeste no mapa da MPB. 
"Asa Branca é um símbolo. Foi essa música que mostrou não só o ritmo mas o modo de vida dos habitantes do Nordeste do Brasil. Cantou que a terra arde igual a fogueira de São João. Que o alazão morreu por sede. E isso fez todo o impacto. Misturou a novidade na onda sonora. Foi quase um jornalismo musical para o Sudeste saber o que acontecia no Nordeste" - Daniel Gonzaga - Neto de Luiz Gonzaga em Especial da Globo News.
Suas músicas são um lamento pelo sofrimento do povo nordestino, mas também representa o canto de fé e esperança do homem sertanejo ao dizer: "Quando o verde dos teus óio/Se espaiá na prantação..." Além de falar dos temas do sertão e das festas juninas, o baião influenciou outros ritmos, criando novas gerações de artistas como Raul Seixas, Chico César, Zeca baleiro e Lenine. Em 1950, tornou-se o gênero musical brasileiro mais influente no exterior até a década de 1960, quando começou a perder prestígio para a bossa nova e o rock and roll. Embora tenha sido relativamente esquecido, o baião continuou através de inúmeros músicos e artistas nacionais, tendo entre eles Dominguinhos, João do Vale e o Quinteto Violado. O baião também interferiu na obra modernizadora de Hermeto Pascoal, Edu Lobo, Egberto Gismonti, Guinga e inúmeros outros instrumentistas.
 
Através de Luiz Gonzaga, gêneros musicais tipicamente nordestinos como o xote, baião, forró e xaxado tornaram-se conhecidos em todo o Brasil, e hoje é apreciado em todo o país. O que se chama hoje de forró remete-se, na verdade, a diversos ritmos nordestinos, dentre eles o baião.  Nascido nos anos 40, o baião resiste ao tempo, mostrando toda a força da música nordestina.
 
 
Para comemorar o centenário de Gonzagão, em outubro de 2012, chegou aos cinemas o filme Gonzaga - De Pai Pra Filho, que mostra a biografia de Luiz Gonzaga e retrata, ao mesmo tempo, como era a relação entre ele e o filho Gonzaguinha. O filme conta a sua trajetória de vida, seus amores e as dificuldades enfrentadas, antes de ser conhecido como "o Rei do Baião". Mostra também um pouco da caatinga nordestina e da vida do retirante que vê a vegetação seca e as condições de vida no interior permanecerem sem grandes mudanças por décadas. 
 
Hoje também se comemora o Dia Nacional do Forró, celebrado no Rio desde 2005. A data homenageia um dos gêneros de maior representatividade no país. Ritmo musical, que teve como um dos grandes porta-vozes o centenário Luiz Gonzaga, conta a história do povo do Nordeste, que migrou para todo o Brasil e espalhou sua cultura e raízes por todo território nacional. As comemorações da data colocarão o povo carioca para dançar ao som de muita sanfona, triângulo e zambuba.

O Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, mais conhecido como Feira de São Cristóvão, traz programação especial para esta quinta (13). Uma maratona com mais de 25 grupos, repentistas, cordelistas e cantores românticos se apresentam em dois palcos a partir das 12h. Além disso, o público pode conferir a mostra Luiz Gonzaga do Brasil – 100 anos de Tradições Nordestina, com textos, fotos, músicas que mostram a vida e obra do artista. A festa se estenderá por todo o fim de semana, começando sempre às 10 horas.

 
 
 
 

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