domingo, 24 de fevereiro de 2013

Amor X Apego

Uma das coisas que mais traz sofrimento ao ser humano é o apego. Apesar disso, algumas pessoas o confundem com o amor, muitas vezes até orgulhando-se de serem muito "apegadas" às pessoas.

Para aprender a separar as duas coisas, e entender que amor não tem nada a ver com apego, se faz necessário muita reflexão. É preciso também alcançar o entendimento de que nada nem ninguém nos pertence. Portanto, se "nada" nem "ninguém" nos pertence, como insistimos em "querer" que alguém esteja conosco para sempre?

Não estou falando que não devemos "desejar" que aqueles a quem amamos estejam sempre perto de nós, mas que devemos deixá-las livres para ficarem, se quiserem ficar, ou irem se assim for da vontade delas.

Independente da nossa vontade, a vida nos tira aqueles a quem amamos, na maioria das vezes de forma inesperada, como no caso da morte, sem nos dar a chance de nos prepararmos para a dor da ausência que essa perda nos causa. Mas também existem as partidas que surgem como consequências das escolhas feitas, não por nós, mas pelo outro, que deseja seguir novos caminhos.
Entender que não podemos reter as pessoas ao nosso lado pode ser muito difícil, e até dolorido, mas faz parte de um aprendizado que nos ajuda a crescer, além de permitir que o outro também cresça.

Praticar o desapego, além de ser também uma forma de amar, é um exercício que nos permite entender que as coisas são como são, e nada do que fizermos irá mudar o rumo das coisas. Portanto, desapego é a aceitação da impermanência das coisas e das pessoas em nossas vidas.
Para as pessoas mais "agarradas" às convicções, pode até parecer estranho esse amor "desapegado", que "deixa" que o outro se vá, se assim for da vontade dele. Para estas pessoas isso não é amor. Refiro-me a qualquer tipo de amor: seja de irmãos, amigos, namorados, marido e mulher, e principalmente, ao amor de pais e filhos. Quanto a este último, muitas vezes já ouvi as pessoas dizerem que "filhos são criados para o mundo", mas quando eles, por qualquer motivo, vão pra longe das suas asas, elas perdem o chão, e até a alegria de viver. Amar significa doar-se, e quem se doa não espera nada em troca, apenas deseja que o outro seja feliz. Longe ou perto de nós, não importa.
O apego também pode vir disfarçado do sentimento de posse, pois de modo equivocado acreditamos que o outro "não pode" nos deixar, pois ele nos "deve" o amor que sentimos por ele. Portanto, se ele nos "deve", o fato dele querer ir embora se torna uma ingratidão da parte dele. E em virtude disso, nos sentimos injustiçados e abandonados. 
Deixar livre é uma forma de amar, muitas vezes acima do entendimento comum. Mas se somos todos livres, devemos deixar também que os outros o sejam, não acham?

Às duras penas aprendí que amar é deixar livre aqueles a quem amamos. 
Aprendi que certas pessoas vão embora da nossa vida de qualquer maneira, mesmo que desejemos retê-las para sempre.
Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém...
Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim...
E ter paciência para que a vida faça o resto...

William Shakespeare

 
 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário